sábado, fevereiro 25, 2017

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[Tradução] A história oral dos Backstreet Boys, contada pelos Backstreet Boys



Você pode ouvir os Backstreet Boys antes mesmo de vê-los. Em um estúdio de dança modesto em Los Angeles, em meados de fevereiro, o repertório do grupo explode, e no interior dele seus cinco membros estão reaprendendo os movimentos que eles apresentaram em vários palcos  por quase um quarto de século.
Você pode ter torcido o nariz para o sucesso (ignorou) dos boys durante seu ápice da carreira, ou então colou vários pôsteres deles nas paredes do seu quarto durante a infância (ou ainda adulto), então, você conhece estas músicas.
Os Backstreet Boys são a banda Best-seller (de mais copias vendidas) da história e seus sucessos - de "Quit Playing Games (With My Heart)" a "Everybody (Backstreet's Back)" - são tão icônicos quanto suas vendas são impressionantes: São 130 álbuns vendidos em todo o mundo e nove foram para nos top 10 álbuns. 
De suas origens sem glamour algum em Orlando, o grupo ajudou a criar a indústria de música pop moderna, definiu a era de TRL ... e deixou milhões de pessoas ao redor do mundo se perguntando que diabos “I want it that way” realmente significava. (Alerta de Spoiler: eles ainda não sabem explicar o que a música significa).

Já que eles se preparam para lançar sua nova residência em Las Vegas, “Backstreet Boys - Larger Than Life”, que começa no teatro AXIS do Planet Hollywood Resort & Casino em 1º de março, a banda se sentou com EW para compartilhar sua história nas próprias palavras.

Em 1992, o empresário Lou Pearlman colocou um anúncio no “Orlando Sentinel” com a intenção formar um grupo vocal masculino na linha do grupo do “New Kids on the Block”. Após mudanças tanto nos membros do grupo como em sua formação, ele formou a boyband com AJ McLean, Nick Carter, Howie Dorough, Kevin Richardson e Brian Littrell, que se reuniram pela primeira vez em 20 de abril de 1993.

NICK: Lou tinha uma empresa de dirigíveis na época, e estávamos ensaiando em um galpão. Nós ficávamos cinco dias por semana. Não tinha ar condicionado. Foi insano, a quantidade de trabalho que nós tínhamos. Estávamos fazendo aulas de canto, de dança e gravações.


AJ: Lou trouxe Johnny Wright, que havia gerenciado o New Kids on the block nas estradas em turnê. Ele sabia como era estar com gente como nós. Mas na época houve muita reação pela parte do New Kids.

BRIAN: As rádios tocavam apenas grunge e rap. Íamos pra Nova York cantar a capela para os empresários de gravadoras, mas nenhum deles dava a mínima pra gente. 

KEVIN:  Nós tocávamos em qualquer lugar que podíamos. Então Johnny conseguiu aquelas turnês em escolas pra gente. Um dia podíamos estar em uma escola nos bosques da Pensilvânia, e no outro podíamos estar num Colégio de Ensino Médio em Nova Jersey. Isso nos proporcionou bastante experiência de palco, em como conquistar a plateia principalmente. As vezes entravamos até em alguns clubes, embora alguns de nós ainda fosse menor de idade.

NICK: Eles nos colocaram, nós fizemos o show, e então eles nos expulsaram.

KEVIN: O que nos levou a conseguir o contrato com o Johnny foram os vídeos que a mãe do AJ gravou nos shows das escolas e mandou para as gravadoras. Nós estávamos em Columbus, e Ohio, tocando “Mothers Agains Drunk Driving”, quando conseguimos nosso primeiro contrato. 

Em 1994, o Backstreet Boys assinou com a Jive Records, que enviou o grupo para Estocolmo, Suécia, para gravar com Denniz PoP e seu novo protegido Max Martin, que mais tarde escreveria e produziria sucessos para Britney Spears, Taylor Swift, e outros superstars. As primeiras gravações do grupo eram imensamente populares na Europa, mas o sucesso dos Estados Unidos não era real.

NICK: Na época, Denniz fez muito sucesso com Ace of Base e Robyn. Era um movimento que [o fundador de Jive] Clive Calder alcançou cedo. Nós achamos o máximo. Nós éramos jovens, então demorou bastante tempo para chegar no mesmo nível.

KEVIN: Nós lançamos o single, "We've Got It Goin 'On", e alcançou o n º 69 [no Billboard Hot 100].



HOWIE: Foi ideia do Johnny ir para a Alemanha. Ele conhecia um promotor lá. Nós caímos num mundo que nos aceitou porque na Europa já tinha vários grupos como o nosso. Mas quando nós formamos o grupo, cantávamos a capela, o que muitos artistas não faziam.

KEVIN: Eles estavam dublando!  

AJ: Nós tínhamos o costume de voltar para cá (Estados Unidos) e chamar de “Terra sem fãs”. Não tinha ninguém no aeroporto esperando a gente, nada. Estávamos passando todo nosso tempo na Alemanha, Áustria e Suíza, mas ainda foi assim que finalmente conseguimos ser aceitos aqui: através da Europa. 
A França passou a música sob o lago para Montreal e Quebec, o que acabou caindo nos Estados Unidos. 

KEVIN: Cidades como Buffalo e Detroit ouviram as estações de rádio do outro lado da fronteira. As pessoas acabaram ligando para pedir nossas músicas, mas os DJs diziam coisas como: "Nós não sabemos quem eles são!"

NICK: Então as Spice Girls lançaram e bombaram a música "Wannabe" [nos Estados Unidos em 1997] e isso nos ajudou bastante. Essa e a música "MMMBop" dos Hansons abriram a porta para a música pop conquistar os Estados Unidos.


No verão de 1997, "Quit Playing Games (With My Heart)" tornou-se o single de lançamento do grupo nos Estados Unidos. O álbum “Backstreet boys” nos Estados Unidos se tornou um dos melhores álbuns (top 5) no ano seguinte. Mas os problemas com o Lou Pearlman já tinham aparecido.

KEVIN: Quando você faz uma turnê de 20 dias na Alemanha e volta para casa sem dinheiro algum, isso é uma bandeira vermelha (um sinal ruim).

BRIAN: Eu me lembro de fazer duas turnês Europeias que esgotaram os ingressos. Eu voltei para casa e tinha R$88.000,00 na minha conta do banco. Era o maior valor que já tinha visto na minha vida, mas por outro lado, por que esse valor não era 3 ou 4 vezes isso? Foi quando comecei a fazer as contas.  

KEVIN: Lou estava levando um sexto de tudo, ele estava levando também uma comissão de gerenciamento de 25%, e ele estava recuperando todas as suas despesas com a gente. Isso é chamado de golpe triplo, e como nosso administrador, é uma violação do dever fiduciário, e é ilegal.

BRIAN: Eu pedi a Lou para consertar as coisas. Mas ele nunca o fez. Eu consegui um advogado através de meus pais e abri uma ação judicial [em 1997].

KEVIN: Lou estava nos colocando uns contra os outros: "Eu sou dono do nome da banda. Eu possuo os direitos autorais. Seu próximo álbum não vai sair... [se o processo continuasse...]. "

BRIAN: Os boys estavam reunidos em um quarto na Suécia. Quando eu apareci, eles estavam tipo, "Por que você está tentando nos separar?" E eu disse: "Eu não estou fazendo nada disso, e sim estou tentando obter para mim o que eu quero para todos nós!" Então eles se uniram a mim. 

No ano seguinte, os outros membros do grupo aderiram ao processo, que foi resolvido posteriormente por um alto montante de dinheiro não revelado, e o grupo cortou laços com Pearlman. Em 2007, a Vanity Fair publicou um artigo no qual um ex-assistente de Pearlman afirmou que Pearlman - que também gerenciava * NSYNC e outras bandas de garotos - era um "predador sexual" que se comportava de forma inadequada em torno dos jovens cantores que ele era mentor. Em 2008, Pearlman foi condenado a 25 anos de prisão por uma condenação ao regime Ponzi. Ele morreu em 2016 enquanto cumpria sua sentença na prisão.

AJ: Quando todas as alegações começaram a sair sobre Lou, eu não podia acreditar. Eu sabia o jeito que ele ficava perto da gente. Nunca pensei que algo assim fosse possível.

NICK: Nunca experimentamos nada.

KEVIN: Eu nunca experimentei nada disso. Agora, eu me perguntava com frequência se ele era homossexual? Sim. Mas ele nunca fez nada comigo que me fez sentir abusado, aproveitado ou assediado nunca, a não ser nos negócios.

Depois de Pearlman, o grupo se concentrou em gravar seu segundo álbum dos EUA, o Millennium de 1999. O single "I Want It That Way", tornou-se o número 1 em 25 países diferentes e ajudou o Millennium a vender mais de 12 milhões de cópias apenas nos EUA. Mas com grande sucesso vieram grandes perturbações no campo pessoal.

HOWIE: Eu não acho que "I Want It That Way" era uma música tão maravilhosa. Porque o nosso material anterior tinha influências R & B muito fortes, então [a demo] não me agradou. Não tinha nossas almas nela.

AJ: A frase era, "Isso realmente não faz muito sentido, talvez possamos voltar e refazer as letras."

NICK: Eles trouxeram em Mutt Lange, um produtor lendário que produziu varias musicas com Shania Twain, para consertar a música.

KEVIN: E fez sentido, mas não soava tão bom!

NICK: Nesse ponto, tínhamos poder suficiente. Tivemos uma reunião com o [presidente Jive] Barry Weiss. E falamos: "nós queremos voltar para a versão original."

AJ: Se não tivesse sido aquela versão, quem sabe o que teria acontecido?

KEVIN: Quando o Millennium foi lançado, passamos de “ser reconhecidos uma vez ou outra”, para “não podermos ir a lugar nenhum”.

AJ: Eu nunca vou esquecer o dia em que o álbum saiu. Fomos ao TRL e fechamos a Times Square, e logo depois fomos a premiere do filme “Star Wars: Episode 1” e sentamos do ladinho do diretor Geroge Lucas.

KEVIN: Ao mesmo tempo, uns de nós começamos a recuar um pouco. Começamos a não passar mais tanto tempo juntos. 

NICK: Havia muita tensão no grupo. Os caras sempre queriam fazer mais. Eu tinha 19 anos. Eu só queria voltar para casa e jogar basquete com meus amigos. Então Brian e eu ficamos mais próximos. 

KEVIN: A gente falava: "Gente, apareceu tal oportunidade para cantar com a Aretha Franklin”, e eles diziam tipo “Ah não, vamos fazer não”!.

NICK: Talvez esse fosse o lado adolescente rebelde de mim, mas ao mesmo tempo, estávamos cansados.

BRIAN: Já os gerentes diziam: "Se não responderem sim, eu coloco o NSYNC no lugar para fazer!

KEVIN: Nós fizemos a turnê do Millennium por um tempo, não tanto quanto pudemos; Depois voltamos e fizemos outro álbum [2000's Black & Blue].

BRIAN: Nós gravamos o  Black & Blue em nove dias!

AJ: A gente estava muito abatido, Black and blue mesmo (expressão para triste... cansado...)

KEVIN: Emocionalmente e espiritualmente não estávamos envolvidos mais, o que acabou levando o AJ para a reabilitação.

AJ: Aos 22, eu me apaixonei pelo Jack Daniel (uísque). Os boys estavam me vendo decadente  e contrataram um terapeuta para viajar com a gente, mas nós nunca falamos. Um dia, estávamos em Boston e deveríamos lançar o primeiro arremesso em um jogo de beisebol. 
Eu falei "Eu não vou fazer isso. Eles podem cantar sem mim”. Kevin começou a me ligar sem parar. A porta do quarto do hotel foi trancada com uma pequena corrente, e ele explodiu a porta. Ele quebrou até o batente da porta e tudo mais. Conversamos um pouco. Então nos reunimos com os agentes da turnê no quarto do Kevin e decidimos cancelar a turnê.
Eles me mandaram para a reabilitação, e no dia seguinte foram a TRL (programa) e fizeram o anúncio. Até hoje eu não consigo assistir a esse vídeo. E tenho certeza que um dia minha filha vai ver isso no Google.


O próximo álbum do grupo, Never Gone de 2005, lançou um som maduro inspirado em rock. No entanto, a banda lutou para se adaptar a uma indústria de música dramaticamente alterada.

AJ: O álbum não saiu até chegar 2005, e foi aí que começou os boatos tipo: "Oh, vocês estão juntos de volta?" Eles pensaram que havíamos separado! A primeira metade desse período foi dedicado a um tempo mesmo. Então Nick faz o seu álbum solo.

KEVIN: A gente havia encerrado a turnê Black and Blue e tivemos uma reunião com a Jive Revords. Barry Weiss falou: “Agora o Nick vai gravar seu cd solo”. Isso deu uma aquecida na reunião. Ele falou: “Por que o Nick não pode ter um álbum solo e um álbum dos Backstreet Boys no mesmo ano?” E eu disse ao Barry “Por que você esta tentando destruir o grupo? Nós já estamos cansados, por que está jogando isso na gente agora?”

NICK: Naquela época eu estava tendo sérios problemas familiares. Todo o meu dinheiro estava destruindo minha família. Eu estava usando drogas. Eu estava bebendo. Eu me lembro de estar na estrada fazendo alguns shows da turnê solo e sentindo um imenso vazio. Eu disse ao meu gerente, "Eu quero voltar para o grupo." Foi quando começamos a voltar o grupo.

KEVIN: Quando finalmente começamos a gravar, nenhum de nós sabia como íamos nos encaixar o pop novamente.

NICK: A gravadora não sabia o que fazer com a gente. Mas acabou que com muita sorte, gravamos e lançamos “Incomplete” que nem soava como a gente realmente queria. As pessoas gostaram da música pelo que ela representava, não por quem estava cantando a música.

Brian: Eles provavelmente pensaram que nós éramos o “Nickelback”.

KEVIN: Foi um top 20 single [no Hot 100] ... e os fãs estavam ligando para o TRL perguntando pelos nossos próximos dois singles. O chefe do nosso departamento de marketing de música nos disse: "A MTV disse que não vai tocar. MTV dita ao público o que é moderno e legal. "Isso foi muito desanimador.

HOWIE: Nós não fomos capazes de fazer as coisas no nível que costumávamos fazer. Kevin ficou com o mais difícil.

NICK: Nós ainda fomos capazes de sair em turnê. Temos seguidores leais, por isso fomos capazes de deixar as rádios na época e mandar um "Foda-se”. Eles desistiram de nós depois de "Incomplete".

KEVIN: Estávamos em turnê quando Johnny disse, "Precisamos começar a falar sobre o próximo disco." E eu falei, "Ei, espera aí, eu não sei se estou pronto pra isso”!
Entre o Black & Blue e Never Gone eu consegui fazer o musical Chicago na Broadway e no West End em Londres. Eu queria explorar o lado ator de mim. Ao mesmo tempo, minha esposa e eu queríamos começar uma família. 
Os boys diziam: “Bom, nós vamos gravar o álbum então” Então eu disse: "Eu dou a minha benção a vocês, mas eu estou fora."

O grupo lançaram dois álbuns sem Richardson: “Unbreakable” em 2007, que continuou na vibe do album Never Gone, e em 2009 o album “This Is Us”, que marcou o retorno às suas raízes dance-pop. Em 2010, anunciaram uma turnê conjunta com o “New Kids on the Block”.

KEVIN: Howie e eu nos víamos enquanto os boys gravavam os dois discos. Ele disse: "Estamos pensando em fazer uma turnê conjunta com a New Kids, te interessa?" Eu falei tipo, "Não sei se esse é o momento certo.". Mas quando vi a importância que a imprensa estava dedicando a turnê, eu pensei “Cara, será que estou perdendo isso tudo?” Dois grandes grupos, de décadas diferentes unidos numa turnê pelo mundo?. E então comecei a cantar com um amigo meu e pensei: “Sabe de uma coisa? Eu sinto falta disso!” Então liguei para os boys e disse “Quando vocês estiverem prontos, eu quero voltar”.

BRIAN: Acabou que coincidiu com o nosso 20º aniversário, e pensamos “Isso é perfeito!”.

Richardson permanentemente se juntou ao grupo em 2012. Com os 5  reunidos, eles lançaram seu próximo álbum, In a World Like This, no ano seguinte. Não muito tempo depois, começaram as discussões sobre uma possível residência em Las Vegas.

AJ: Celine [Dion] foi, obviamente, o início das residências em Vegas de música pop, mas foi a Britney que realmente abriu o caminho para a nossa geração. Seria legal também pra gente montar um show grade como costumávamos fazer. Nós tivemos que diminuir os shows ao longo dos anos, mas para Vegas poderíamos fazer algo grande. Eu posso comparar este show até com os shows da turnê Millenium. As pessoas vão enlouquecer neste show.

HOWIE: Agora nossos fãs têm seu próprio dinheiro - eles não estão usando o dinheiro dos pais! Eles já saem para se divertir, comemorar seus aniversários, despedidas de solteiro e demais festas. Vegas é um ótimo lugar para os fãs. E faz muito sentido.

KEVIN: Isso também é bom para o nosso estilo de vida de agora, somos todos pais. Quando você entra e sai de hotéis todos os dias, isso leva um pouco de você. Não temos mais 22 anos de idade.

HOWIE: Quando as pessoas perguntam como ficamos juntos por tanto tempo, eu sempre digo que é praticamente um segundo casamento.
AJ: É o nosso primeiro casamento!
HOWIE: Você tem razão - nossas esposas são nosso segundo casamento. E assim como  todos os casamentos, você tem que se empenhar para dar certo. Sentimos que devemos isso aos nossos fãs, e uns aos outros. Eu não quero deixar esses caras para baixo.

AJ: No final do dia, ainda estamos nos divertindo.

NICK: Nós gostamos de entreter nossos fãs e fazer música para eles. E somos fãs de nossa própria música. Nós amamos nossa música. Estamos ansiosos para o próximo álbum.

KEVIN: Enriquecemos a vida uns dos outros. Nem sempre é fácil, porque todos nós temos cinco opiniões diferentes sobre a forma como algo deve ser feito. Mas quando todos nós andamos na mesma direção? Podemos realizar grandes coisas.

VEJA ORIGINAL AQUI

Tradução de estréia by Juliana Cheida 

Revisão e edição by Mayara Elisa

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